HENRIQUE IV

Filho de Antonio de Bourbon, duque de Vendôme, e de Joana III de Navarra, já aos 17 anos Henrique  distinguiu-se  como figura representativa dos huguenotes, inclusive subscrevendo o texto fundador da religião reformada. Considerado chefe do partido calvinista desde 1571, foi recebido por Gaspar de Coligny, líder dos protestantes.  Em 1572 tornou-se Henrique III, rei da Navarra.

Seu casamento com Marguerite de Valois, irmã de Carlos IX da França,  foi negociado entre sua mãe Joana III de Navarra  e Catarina de Médicis e, como já foi dito, um casamento que deveria significar união nacional revelou-se desastroso já na ocasião das cerimônias. Depois de todo o terror, Henrique foi forçado a se converter ao catolicismo e ficou preso na corte assistindo ao suplicio dos protestantes. Entretanto, com a morte de  Carlos IX conseguiu fugir, renegar sua abjuração  e reassumir a posição de chefe político e militar do partido huguenote. Já possuidor de territórios, condados e ducados, pelo tratado de Beaulieu obteve o governo da Aquitânia.

Reconciliou-se com o então rei Henrique III, seu cunhado, irmão de Carlos IX e filho de Catarina de Médicis, que o reconheceu como herdeiro. Sempre guerreando e se distinguindo ora com vitorias ora com derrotas,  em meio a todo tumulto religioso, em 1589 com a morte por assassinato de Henrique III, último da dinastia Valois, Henrique se tornou nominalmente o novo  rei da França como Henrique IV.

O inicio de seu reinado foi tumultuado. Como a maioria dos franceses não o aceitava, o novo rei teve que lutar militarmente por territórios,  contra os Guise católicos, contra a Espanha de Felipe II, e reconquistar Paris abastecida pelos espanhóis. Entendeu que para conquistar os franceses  seria necessário, pela segunda vez, converter-se ao catolicismo, renunciando assim ao protestantismo. E foi o que fez para conseguir apoio da maioria dos súditos católicos. É dele a frase “Paris vale uma missa”. Confirmou o catolicismo como religião de Estado, mas garantiu aos protestantes a liberdade religiosa pelo Edito de Nantes concedendo-lhes várias praças fortificadas onde seria permitido o exercício do culto reformado.

Sua coroação só aconteceu em 1594 e nesse mesmo ano entrou em Paris expulsando os espanhóis, mas a paz  entre França e Espanha só aconteceu em 1598 pelo Tratado de Vernins.

Nesse tempo a França estava com a economia destroçada após décadas de guerras e governos fracos. Henrique IV deu início à reconstrução do pais primeiramente chamando seu velho amigo, o  Duque de Sully para atuar como ministro; Sully o auxiliou na reformulação das forças armadas, na construção de fortalezas e, adepto ao mercantilismo e formação de mercado interno com protecionismo contra concorrência externa, conseguiu melhorar as condições da agricultura e da manufatura francesas. Além disso, com a racionalização da arrecadação de impostos, tornou possível o crescimento do tesouro real. Tais medidas foram substanciais para o  crescimento econômico e o retorno da paz da França, o que  concedeu novo padrão de vida à população.  Hennrique IV expulsou os espanhóis de Paris, comprou a adesão de dirigentes da Liga Católica dos Guise com o dinheiro dos impostos, e assim   a França  prosperou. Estradas e pontes foram reconstruídas,  a circulação de mercadorias foi normalizada e o rei se tornou popular.

Sob Henrique IV o Louvre  passou por reformas e foi ampliado, Paris ganhou novas praças como a Place Royale (atual Place de Vosges),   Place Dauphine e a Pont Neuf foi construída ligando as duas margens da Île de La Cité. Além disso, Henrique tomou medidas duras contra duelos entre nobres, que haviam se tornado comuns após o fim dois distúrbios.

Casou-se por procuração em 1600  com Maria de Médicis, unindo dessa maneira as culturas da Toscana e da França, e com ela teve vários descendentes reais. O desenvolvimento da língua e do pensamento na França provenientes dos reis do século XVII somado à influência da família Médici na família real francesa, ao longo do tempo fez com que  a  França se tornasse exportadora de estilo e objeto de cobiça por toda a Europa.  Esse contexto possibilitou o surgimento de grandes nomes do pensamento francês como Descartes, Montaigne e Pascal.

Por insistência de Henrique IV, Maria se tornou rainha, o que não o impediu de ter várias amantes e vários filhos bastardos. Educou todos os seus filhos juntos em Fontainebleau com muita atenção e fazia com que  Luis, seu filho com Maria de Médicis e herdeiro do trono, assistisse aos conselhos reais e participasse das recepções com embaixadores estrangeiros.

Como era sua meta, Henrique IV conseguiu que cada família francesa tivesse uma galinha na panela. Entretanto, esse homem de guerra completo, diplomata, realista, seguro e clarividente que sabia ser flexível e transigente numa época de fanatismo religioso,  foi assassinado em 1610 por Francois Ravaillac, um professor que se aproveitou da confusão causada por uma carroça de feno para golpeá-lo com duas facadas.

Maria de Medicis se tornou regente, pois o herdeiro  Luis era criança. Ao invés de continuar a política de Henrique IV que lutava para assegurar alianças com Estados protestantes, o que se viu no tempo desse novo governo foi uma política católica visando aliança com a Espanha. O corpo de Henrique IV foi embalsamado e sua cabeça, de tão preciosa, tornou-se objeto de desejo de vários colecionadores. Seus restos mortais repousam na Basílica de Saint Denis. Em 2013 seu rosto foi reconstituído e mostrado ao público.

 

 

 

 

 

Um comentário sobre “HENRIQUE IV

Deixe um comentário