Foram muitas as causas do conflito que se espalhou pela Europa, África e Ásia. Um caldo negro de objetivos militaristas e expansionistas de regimes totalitários da década de 30, o surgimento do nazismo, o crescimento do fascismo na Itália com poderes ilimitados para Benito Mussolini, o desemprego em massa,a grande industrialização da indústria bélica, tudo se juntou para desencadear uma guerra insana que se iniciou com a invasão da Polônia pela Alemanha de Adolf Hitler seguida pela declaração de guerra da Inglaterra e da França.
De 1939 a 1941 as vitórias do Eixo composto pela Alemanha, Itália e Japão- que também visava expansão territorial- desestruturaram o status quo de grande parte do mundo. Conquistaram o norte da França, Iugoslávia, Polônia, Ucrânia, Noruega, Dinamarca, Bélgica, Holanda, Grécia, Luxemburgo, territórios do norte da África. O Japão, por sua vez, anexou a Manchúria e atacou Pearl Harbor no Havaí, o que fez com que os americanos entrassem na guerra com os Aliados.
A França foi invadida pelos nazistas e assim permaneceu de maio de 1940 a dezembro de 1944. Em 1940 foi assinado um armistício na tentativa de cessar as hostilidades. Uma área designada no norte e no oeste, a “zone occupé” foi ocupada pelo exército alemão, já o governo francês localizado em Vichy foi liderado pelo Marechal Pétain, subordinado aos alemães. O terço restante do país, a “zone libre” foi totalmente controlado pelo governo de Vichy. A Alsácia e a Lorena foram reincorporadas à Alemanha sujeitando, dessa maneira, a população masculina ao recrutamento militar alemão. Vários departamentos ao longo da fronteira foram ocupados por tropas italianas, enquanto áreas ao longo da fronteira belga foram administradas por autoridades da ocupação alemã.
A ocupação nazista alterou drasticamente o modo de vida dos franceses. Com gasolina racionada e horário do metrô reduzido, o povo encarou a escassez de meios de transporte utilizando a bicicleta. O abastecimento também foi reduzido drasticamente. Tudo era racionado com tamanha parcimônia que o povo só obtinha determinada quota de alimentos através de longas filas ou comprando no câmbio negro a preços exorbitantes; o carvão, ao invés de servir de combustível para aquecimento no inverno, era direcionado para as fábricas alemãs.
Nesse estado de coisas os judeus foram os que mais sofreram durante a ocupação. Além de perderem suas propriedades foram proibidos de trabalhar como professores, médicos, advogados e comerciantes. A partir de 1942, os maiores de 14 anos e até crianças começaram a ser deportados para campos de concentração. Era o holocausto. Mas a partir de determinado momento as coisas começaram a mudar.
Em Londres, o general Charles De Gaulle incrementou o movimento de Resistência, que não era muito articulado na França. Com a ajuda militar de ingleses e americanos, a Resistência entrou em ação e até o final da guerra realizou diversas ações que culminaram com a insurreição popular em Paris de 19 de agosto de 1944 contra as tropas de ocupação . Depois de anos de penúria, humilhação e até certo conformismo, combatentes de todas as facções políticas francesas se uniram às forças aliadas e se insurgiram no Quartier Latin, estendendo-se pela Prefeitura, Île de La Cité, espalhando-se pela cidade. Unidos e machucados, os franceses lutaram e recuperaram a dignidade e o orgulho nacional, sob o comando de De Gaulle.
Mas a guerra não acabou aí. Só terminou em 1945 com a rendição total primeiramente da Alemanha e da Itália. A Rússia, com seu inverno rigoroso, debelou qualquer tentativa de conquista e vitória de Adolf Hitler. O Japão, que resistia à assinatura do pacto de rendição, foi bombardeado dramaticamente pelos Estados Unidos com duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Milhares de inocentes morreram, o efeito tóxico se alastrou, enfim, é um capítulo da história difícil de entender e de comentar. Para evitar outro conflito, em 10 de outubro de 1945 foi fundada a Organização das Nações Unidas-ONU, com sede em Nova York.
Terminada a guerra, o Comitê Francês de Libertação Nacional transformou-se em governo provisório da República francesa. De Gaulle governou o pais durante quinze meses, mas teve que ceder quando a nova Assembleia Constituinte divergiu de seus pontos de vista considerados unilaterais. E a IV República foi instituída na França após a promulgação da nova Constituição em 1946. A partir daí houve progresso social, desenvolvimento econômico e a fundação da Comunidade Europeia. Mas a perda da Indochina e a guerra de independência da Argélia acabaram com IV República. E em 1958 a Assembleia Nacional outorgou plenos poderes a Charles De Gaulle para governar o pais durante seis meses e redigir a Constituição da V República, aprovada por referendo popular.
Sob nova Constituição, as colônias francesas conseguiram autonomia do governo central mas os nacionalistas de cada colônia ansiavam por independência. Em 1960, novamente a Constituição foi revisada permitindo a separação amistosa da França das antigas colônias.
Nessa conjuntura, o poder político francês do pós guerra estava dividido entre esquerda, gaulistas e outros conservadores numa situação conflitante. De Gaulle reelegeu-se em 1965, mas seu governo forte, nacionalista e conservador começou a ser superado pelas mudanças e pensamentos políticos.
Com a França dividida politicamente, em 1968 uma onda de protestos começou com estudantes universitários se manifestando pelas reformas educacionais. Evoluiu com o apoio do Partido Comunista, influente na confederação dos sindicatos, e dessa maneira, logo os protestos tinham a adesão de 9.000.000 de franceses. Manifestantes ergueram barricadas e a situação se tornou insustentável; o governo reprimiu fortemente, mas teve pouca influência e foi obrigado a fazer concessões, como a dissolução da Assembleia Nacional.
Enfraquecido, Charles De Gaulle, o grande heroi francês que liderou a Resistência – que enfrentou a oposição armada dos oficiais da direita do Exército, negociou a independência das colônias, reergueu a economia e desvinculou o comando militar da OTAN controlada pelos Estados Unidos – estava sem a autonomia desejada. Reconhecendo o momento de se afastar, renunciou e se recolheu após um ano. Morreu em Colomberuy-les-Deux Eglises em 9 de novembro de 1970.
A partir dele, elegeram-se o democrata Georges Pompidou – que revolucionou a França culturalmente -, o republicano Valéry Giscard d’Estaing, o socialista François Mitterrand, Jacques Chirac, Nicolas Sarcozy – com tendência de direita -, o socialista François Hollande e o jovem Emmanuel Macron, ministro de Hollande, pasme, do centrão!